“Vou fazer uso esporádico, só para pequenas viagens com a família para outros estados, pois tenho parentes no Paraná e em São Paulo e também para deslocamento para Belo Horizonte e outras cidades mineiras”, conta Kallas, que pretende contar com recursos de negócios da mulher e da família para a aquisição do bem.
Nos últimos dois anos, o crescimento anual desse mercado chegou a mais de 9%, e ter sua própria aeronave deixou de ser uma exclusividade dos muito ricos.
“Eu gosto de voar. No início era só hobby, mas percebi a necessidade, devido à demora nos deslocamentos. De Vitória para pequenas cidades, como Alfredo Chaves, onde eu tenho consultório, levava 6 horas de carro. De avião dá apenas uma”, conta.
“Notamos uma procura crescente por parte de advogados, médicos, consultores. É um tipo de profissional que alcançou um nível em que seus serviços estão espalhados e é necessário um deslocamento rápido para lugares que nem sempre contam com aviação regular”, diz Leonardo Fiuza, diretor comercial da TAM Aviação Executiva, representante da Cessna no Brasil.
“O mercado brasileiro amadureceu, percebendo que um avião privado não é mais para ostentação, mas uma necessidade, uma ferramenta de trabalho”, destaca Philipe Figueiredo, diretor de vendas da Líder Aviação, revendedora da Beechcraft.
A economia de tempo também justificou a compra no ano passado, pelo empresário paulista Othon Cesar Ribeiro, de um Cessna 206. Ele reclama das horas que perdia em aeroportos e da dependência dos horários dos voos comerciais para realizar as viagens e conseguir retornar para Jundiaí para ver a família. Gostou tanto que já renovou o modelo usado várias vezes desde a primeira aquisição.
“Eu precisava me deslocar para algumas cidades muitas vezes à noite, tendo que esperar quase o dia inteiro em um local, para conseguir estar em um compromisso no horário determinado e que era muito mais tarde. Também gastava horas no aeroporto e perdia muito tempo em deslocamento de carro, quando já podia estar no meu escritório, dando andamento ao trabalho”, afirma.
“Sem dúvida foi um bom investimento que eu fiz. Ter o próprio avião foi uma facilidade”, desabafa.
Já os jatos custam mais caro, passando dos US$ 4 milhões (R$ 7,3 milhões), e têm que ser importados por representantes credenciados pela fabricante. Ao final de 2010, o Brasil tinha 540 jatos executivos (4% da frota nacional), conforme a Associação Brasileira de Aviação Geral. Em 2011, o número saltou para 630.
O preço de uma aeronave varia conforme o ano de fabricação, quantidade de horas de voo e situação dos componentes. Se o uso não é continuo, um monomotor (como os Cessna, Beechcraft Bonanza e Embraer Corisco) pode ser a opção. Com velocidades entre 380 km/h e 600 km/h e autonomia de voo que chega a 4 horas e 30 minutos, estão disponíveis no mercado nacional por entre R$ 200 mil a R$ 800 mil, dependendo do ano de fabricação.
Já os bimotores (como Baron, Seneca e alguns modelos da Cessna) podem ser encontrados por desde R$ 360 mil até R$ 1,8 milhão. Possuem sistemas mais complexos e são mais flexíveis para viagens noturnas ou sobrevoo com segurança sobre regiões distantes.
Na categoria dos jatos, o Learjet (da Bombardier), o Phenom 100 e o Legacy (da Embraer), o Citation Mustang e o Citation XLS (da Cessna) e o King Air (da Beechcraft) estão entre os mais adquiridos no país. São os preferidos por cantores e empresários devido à comodidade, maior número de assentos e autonomia que pode chegar a 19 horas de voo. Os preços variam entre US$ 3,6 milhões a US$ 30 milhões (R$ 6,59 milhões a R$ 54,6 milhões).
Com os altos custos, muitos optam por comprar um usado. Segundo Fiúza, da TAM, após a crise econômica mundial de 2008, o preço de seminovos caiu muito. Com um ano de uso, o avião pode custar 20% menos que um novo do mesmo modelo.
“Às vezes, optar por um que já foi usado aqui no país compensa”, diz o comerciante Kallas. “Eu consigo comprar aqui um Corisco por R$ 200 mil e o custo-benefício compensa. Ele não consome muito combustível e a manutenção também é pequena”.
Isso porque, além do preço da aeronave, é preciso levar em conta os gastos para mantê-la. “A escolha de qual aeronave você irá comprar depende de quanto você terá disponível para mantê-la e para quais necessidades irá usá-la”, afirma Fiuza.
Um jato novo de R$ 5 milhões exigirá um custo operacional fixo mensal de R$ 30 mil - despesas com piloto, gasolina, hangar. Já um monomotor seminovo de R$ 200 mil pode ser mantido em um hangar alugado por R$ 500 mensais e com manutenção a cada 200 horas de voo, que fica em R$ 2 mil cada.
Avião compartilhado
“Nunca deu problema em ter o avião compartilhado. Meu sócio pergunta se eu vou voar em tal data, se não vou, ele usa. Raramente dá algum confronto de datas e isso reduz o nosso custo. Os dois usam, não há conflito, funciona muito bem”, explica.
“A compra compartilhada pode ser uma opção inicial também quando alguém quer testar um avião ou verificar se ele atende seus objetivos para depois adquirir o seu próprio", explica Philipe Figueiredo, da Líder Aviação, representante dos jatos King Air e das marcas Bonanza e Baron no Brasil.
Compra da aeronave
Alguns clientes preferem verificar pessoalmente a aeronave antes de importá-la, outros fecham o negócio após empresas credenciadas pela fabricante inspecioná-los nos Estados Unidos.
Após a empresa idônea certificar a qualidade da aeronave há o fechamento da compra e o pagamento. O avião vem voando para o Brasil – com prefixo e piloto norte-americano. Mas, depois de pousar, não pode voltar a decolar sem que haja o desembaraço na Receita Federal e a regularização com a Anac.
Já Phillip Costa, da AviõesNet, que trabalha com importação e venda de novos e usados no país, cota em 38% os custos para importar e nacionalizar um monomotor americano de US$ 100 mil. “Há os custos fixos de 10% de IPI e mais 18% de ICMS (no caso de São Paulo), seguro obrigatório para acidentes, translado, salário do piloto, tarifas com despachante e oficina. Em alguns casos, os custos de importação não compensam e fica mais barato comprar um já nacionalizado e usado por aqui”, diz.
O seguro do casco não é obrigatório e, normalmente, quem compra mono ou bimotores não faz, pois as seguradoras cobrem um período de até 25 anos após a fabricação.
FONTE: PORTAL G1
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