Olá pessoal, tudo bem?! Hoje vou falar um pouco sobre esse segmento da aviação pouco conhecido no Brasil, o "Bush Flying". Trata-se de todas as operações com aeronaves preparadas especialmente (com pneus maiores, flutuadores ou skis) para atuar nas áereas remotas, pistas não preparadas ou até mesmo com aeronaves anfíbias.
Muito comum em países do continente africano (Botswana, Namibia, Zimbabwe, South Africa, etc), na ásia (Indonésia, etc), Canada, USA e no Brasil (especialmente as operações no garimpo, pantanal e amazonia). Na maioria desses lugares esse tipo de operação é a única maneira de transportar pessoas e suprimentos.
Em Botswana, por exemplo, existem dezenas de empresas que trabalham levando os passageiros do aeroporto de Maun (capital turística do país) para os resorts e lodges e safaris da região do Delta do Okavango, voos panorâmicos (scenic flights), aerofotografia e filmagens, evacuações médicas, etc. Entre essas empresas, estão:
Wilderness Air,
Moremi Air,
Major Blue Air e
Mack Air. Normalmente operam aeronaves monomotoras a pistão (C172, C206, C210, GA8 Airvan) ou turbohélice (C208 Caravan, Quest Kodiak, Pilatus Porter), chegando ainda a operar aeronaves bimotoras como o Baron BE58 ou até maiores como o King Air, Hawker 800XP, etc.
Já na Indonésia, a
Susi Air é a maior e mais conhecida delas, especialmente após o documentário "Worst Place to be a Pilot" que mostrava a sua operação no "Lugar Mais Perigoso para Ser Piloto". Fundada em 2004 com apenas 2 aeronaves, a Susi Air hoje tem uma frota de mais de 50 aeronaves que vão desde o Piper Archer, até o LET410, passando ainda pelo Pilatus Porter, Cessna Grand Caravan, Diamond Twin Star, Air Tractor e os helicópteros Agusta Grand e Agusta Koala. São mais de 20 bases principais, e cerca de 140 pilotos.
Como eu disse anteriormente, essas operações existem em diversos países do mundo, inclusive com escolas especializadas em dar o treinamento adequado para quem deseja operar nessas condições, como é o caso da
Alaska Floats & Skis,
Bush Air,
Island Coastal Aviation e muitas outras.
No Brasil, o mais próximo que chegamos do chamado "Bush Flying" são os pilotos do garimpo. Infelizmente praticamente todas as operações no garimpo não são permitidas, deixando os aviadores na "ilegalidade" e tornando uma atividade que já perigosa devido "por natureza", em uma atividade kamikaze.
Nessas empresas que citei no continente africano, asia e etc, as maiores dos pilotos são jovens europeus, neozelandeses, australianos, sulafricanos e americanos com poucas horas de voo e que sabem que somente nesses lugares conseguirão o primeiro emprego como piloto, e rapidamente vão adquirir experiência, acumular horas de voo e se desenvolver como profissionais.
Assim como as operações anfíbias que falei no outro post, esse tipo de "Bush Flying" no Brasil deveria ocorrer em diversos cenários, com várias empresas atuando no sertão nordestino, no pantanal, nas serras gaúchas e em muitos outros locais carentes de operações aéreas e que também iriam levar desenvolvimento para a nossa atividade e para o turismo local.
Mas... isso é apenas um devaneio de um aviador.
Bom, é isso, espero que tenham gostado e que isso desperte a curiosidade de vocês para mais esse segmento da nossa profissão.
Um abraço a todos e bons voos sempre!