quarta-feira, 23 de julho de 2014

TEXTO - ANAC: ALÉM DE NÃO AJUDAR, COMPLICA - BRUNO MACIEL

Caros amigos e leitores, há tempos que eu não escrevo nada no blog, mas dessa vez resolvi desabafar e espero sinceramente que esse post chegue aos outros canais como Piloto Brasil, Para Ser Piloto, Canal Piloto, Contato Radar, além é claro das redes sociais e pra isso peço a ajuda de todos que concordem comigo.
Mas o fato é que alguém precisa fazer alguma coisa com (ou contra) a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)!
Tenho certeza que todos já tiveram problemas com análises de processos para concessões licenças/habilitações ou revalidações de habilitações. Os processos demoram meses em análises. O meu, ao checar o PC-MNTE-VFR em 2012 passei três meses esperando e após concluído e enviado a casa da moeda, recebi em casa 3 CHT's, uma por dia. Muitos são indeferidos erroneamente, por má interpretação por parte dos analistas de processos, enquanto outros casos são aprovados sem os mínimos exigidos. Todos sabem que os processos são analisados por amostragem. 
Os regulamentos (RBHA,  RBAC, IAC, IS, etc) não são claros, os manuais (especialmente dos cursos) estão defasados e somos fiscalizados por servidores públicos, na grande maioria das vezes, sem conhecimento algum em aviação.
E as vistorias realizadas em escolas e aeroclubes... Temos notícias de escolas e clubes que não podem liberar voos solo de quem não estiver em treinamento. Por exemplo, se você já é Piloto Comercial checado, não pode pagar 1h de voo pra voar solo. Exigem que as escolas e clubes sigam os manuais de curso. Pra se ter uma idéia, o manual do curso de Piloto Comercial foi elaborado em 1992 e divide o treinamento e 4 etapas. A primeira tem 4 fases, na primeira fase (Adaptação) o aluno precisa fazer 8h duplo comando. Isso mesmo, 8h duplo comando. Sendo 2h noturno, também duplo comando. O manual na verdade é contrário ao RBAC 61. Ou seja, se você segue o manual entra em "não conformidade" com o RBAC e vice-versa. Além disso é inviável para as escolas e para os alunos seguir o programa do manual de curso de PC.
Conheço escolas que enviaram os ofícios de atualização do corpo técnico-pedagógico, o famoso Anexo 2, a mais de 4 meses e até hoje não receberam resposta. Enquanto isso os Instrutores ficam impedidos de ministrar instrução e aí os INVAs antigos vão saindo, principalmente pra Azul, que é a única que está contratando por enquanto, e o quadro de invas nas escolas vai ficando cada vez mais deficiente.
Também conheço escolas teóricas de norte a sul do país que ficaram mais de um ano aguardando a vistoria inicial ou de re-homologação de cursos.
Tem tanta coisa errada que eu já me perdi no texto.
Se compararmos com as Agências Reguladoras de outros países veremos que estamos anos-luz atrás.
Mas até quando ficaremos nessa situação? Por que na minha cabeça funciona assim: se eu sou um passageiro e tenho alguma queixa contra alguma companhia aérea, eu recorro a ANAC. E se eu sou piloto, aluno, aeroclube ou escola e tenho alguma coisa contra a ANAC, a quem eu devo recorrer?
Não sei se estou correto, mas aguardo os comentários e a divulgação do texto para que possamos pelo menos debater o assunto.

2 comentários:

Luciano Candido disse...

Pois é Bruno.. Estamos mesmo anos-luz de outros países. Acredito que o maior problema é o pensamento que temos no país: se não é comigo, então tudo bem.. Não há um grupo forte que represente os pequenos, como vejo a AOPA. Não há interessados em vestir a camisa. Não vejo a quem recorrer da agência deficiente que temos, do pessoal mal qualificado trabalhando para eles, dos analfabetos funcionais que não sabem interpretar as regras criadas pela agência. Isso tudo é um câncer nesse país, infelizmente não acontece só na aviação, mas isso é outro capítulo. Como a agência tem liberdade para criar suas próprias regras e temos mania de criar/copiar regras de outros países, não traduzidas para nossa realidade, ficamos vendidos a essa agência. Fica aí uma pergunta para pensar: por que é tão difícil uma empresa brasileira produzir avião para instrução? Ass: Candido

Joao Melodia disse...

Tenho um amigo em Petrolina-Pe, o pastor e missionário norte-americano Timóteo Reinner que está no Brasil há mais de trinta anos. Esse homem é um tipo "Professor Pardal", faz de tudo, constrói casas, projeta e faz "carti" - não sei se é asim que escreve, fazia a manutenção de um Corisco que tinha e estava montando um Paulistinha em sua oficina no quintal sua casa há muito tempo, quando o conheci. Sou fã dele. Aprendeu a voar ainda criança com seu pai. Ele me contou que nos EUA é comum muitas famílias terem um avião para voar a passeio aos fins de semana. Outro dia encontrei com ele e perguntei por quê não tinha mais avião e ele falou que tava ficando caro demais voar no Brasil, que a ANAC dificulta muito para as pessoas voarem, ao contrário da cultura no seu país. Ele acabou por vender o avião e hoje só voa de vez em quando com alguns amigos. Que história triste, né? Pois é isso!