domingo, 11 de fevereiro de 2018

OPERAÇÃO DE AERONAVES ANFÍBIAS NO BRASIL

Olá pessoal, tudo bem?!
Bom, fiquei mais de um ano sem postar novos conteúdos no blog. O ano de 2017 foi um ano muito especial e nesse tempo muita coisa aconteceu, mas espero que a partir de hoje eu consiga publicar com mais frequência. Em agosto de 2017 eu alcancei o meu objetivo e consegui me tornar piloto de uma companhia aérea. Para os que estão se preparando para realizar esse sonho, vou tentar durante esse ano postar algumas dicas de estudo, curiosidades, etc. 
Mas hoje estou "inativo" em Petrolina-PE, onde trabalhei em 2016 voando para um empresário que tinha um RV-10. Nosso hotel fica as margens do Rio São Francisco, na divisa com a Bahia. De um lado Petrolina, do outro Juazeiro. Cidades importantes do sertão nordestino. E inspirado pelo Velho Chico queria falar sobre algo com vocês que me questiono há algum tempo:
Por quê, em um país do tamanho do Brasil, não temos operações de aeronaves anfíbias de forma desenvolvida? Temos tantos rios, lagos, piscinas naturais, represas, um país com incontáveis recursos naturais, ecossistema diversificado, mas as aeronaves anfíbias praticamente não existem.
Quando observamos lugares como Canadá, Austrália, Maldivas, Nova Zelândia, EUA, diversos países do Caribe e muitos outros, percebemos o quanto estamos atrasados nesse aspecto. Isso também vale para outro tipo de operação que vou falar em outro post, os chamados "Bush Pilots" que operam em países do continente africano, na Ásia, etc.
Voltando ao assunto, no Canadá, existem diversas empresas que realizam "scenic flights", voos charters e regulares em aviões anfíbios. Talvez a maior delas, com sede em Vancouver-BC, a Harbour Air tem mais de 35 anos de operação e conta com uma frota de mais de 40 aeronaves anfíbias (monomotor e multimotor) transportando anualmente mais de 400.000 passageiros.


Nas ilhas Maldivas, a Trans Maldivian Airways possui 48 De Havilland Twin Otter operados por 181 pilotos (homens e mulheres) e realizam mais 120 mil voos por ano.


Eu poderia citar aqui diversas outras empresas que operam mundo a fora, mas vou ficar entre essas maiores.
Históricamente, muitas empresas aéreas atravessaram o Oceano Atlântico vindo da África e Europa para o Brasil, pousando nas capitais do nordeste, como em Natal-RN no Rio Potengi. Mas hoje, não vemos nenhuma perspectiva de desenvolvimento desse segmento aeronáutico, que existe no Brasil, praticamente de forma exclusiva, no norte do país, como por exemplo a Manaus AeroTaxi e onde esse tipo de operação é uma necessidade da população que não possui acesso via estradas e não existe infraestrutura de aeroportos nos locais mais remotos, não sendo utilizado apenas para turismo.


Nós poderíamos ter empresas realizando voos entre as capitais do nordeste, já que todas possuem importantes rios que se encontram com mar, além do litoral paulista e carioca, no pantanal, no interior de São Paulo e Minas Gerais com suas represas, Fernando de Noronha, outras cidades na região norte, como Belém, Macapá, Santarém, nos pampas gaúchos, enfim. Mas qual será o maior obstáculo? Burocracia, economia instável, política, formação profissional ou o famoso "Custo Brasil"???
Certamente que essa operação iria estimular o desenvolvimento do turismo, a economia, gerando milhares de novos empregos e criando mais opções para os nossos aviadores. Sem falar que mais aeronaves de pequeno porte operando implica em volume maior de consumo do AVGAS, necessidade de novos cursos para formar pilotos com esse tipo de habilitação, mais oficinas homologadas, mais empregos para mecânicos aeronáuticos, ou seja, toda a cadeia aeronáutica se desenvolve.
Para mim, chega a ser uma utopia imaginar que ainda veremos no Brasil centenas de aeronaves anfíbias operando nos nossos rios, lagos, praias e represas... mas não custa sonhar.

Um abraço a todos e bons voos sempre!

Bruno Maciel

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