segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

CUIDADOS NO POUSO


A decisão de executar uma aproximação perdida em solo pode ser muito díficil, ainda mais em situações não estabilizadas. Daí a importância de treinar toque e arremetida no simulador.


Em reportagem a revista Aero Magazine do mês de dezembro o Cmte do Boeing 757-200F João Sciacca, da Varig Log, explicou como podemos evitar acidentes em casos de necessidade de arremeter. A seguir seguem trechos da reportagem.


"...bem verdade, a decisão de executar uma aproximação perdida em solo pode ser muito díficil, ainda mais quando a tripulação está envolvida pelo estresse de uma aproximação não estabilizada. Envolve diversos fatores, incluindo o comprimento da pista disponível para manobras e a própria recomendação dos manuais das aeronaves de não arremeter depois do acionamento dos reversos..."

"...tecnicamente, o ato de arremeter após a aeronave ter tocado o trem principal na pista é conhecido como reject landing (pouso rejeitado). Apesar de raramente acontecer, a manobra é um verdadeiro desafio para os tripulantes, já que não foi antecipada e muito menos preparada. Por isso, se acontecer, tem grande probabilidade de provocar grave acidente..."

"...quando na pista, o PF (pilot flying) mantém a aeronave na centerline (linha traçejada de centro de pista) e leva as manetes para o ponto de estabilização de potência, para em seguida ajustá-las para TOGA (potência máxima para decolagem ou arremetida). Neste meio tempo, o PNF (pilot not flying) deverá reconfigurar a aeronave, desarmando os spoilers, comandando o flap para a posição de decolagem e ajustando o trim de pitch (manualmente ou automaticamente, dependendo da aeronave) para decolagem, sem esquecer de todos o callouts inerentes..."

"...no caso de bounce (efeito em que o avião bate violentamente na pista) de grande intensidade, recomenda-se que se inicie uma arremetida. A tripulação deve desconsiderar os alarmes de configuração para decolagem, mantendo o trem de pouso embaixo e flaps estendidos. Assim que tudo estiver sob controle, o PNF poderá seguir as recomendações normais de arremetida, "limpando" gradativamente a aeronave, e o PF poderá acionar o piloto automático para diminuir a sua carga de trabalho no cockpit..."


Foto: Um trail strike (batida de cauda na pista) de um A340


Fonte: Revista Aero Magazine Ano 14, nº 163, p. 65

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